Não. ​As charmosas ruas de pedra de Pirenópolis, com seu calçamento irregular e histórico, são um dos grandes atrativos da cidade. Muitos acreditam que essas pedras foram colocadas por mãos escravizadas no século XVIII, durante o ciclo do ouro. No entanto, a história é um pouco diferente e igualmente fascinante.​

As pedras de Pirenópolis

Pirenópolis, originalmente conhecida como Minas de Nossa Senhora do Rosário de Meia Ponte, foi fundada em 1727 durante o ciclo do ouro. 

Naquela época, a cidade se desenvolveu em torno da mineração aurífera, com a mão de obra de escravizados e indígenas. As ruínas dos antigos garimpos ainda podem ser vistas às margens do Rio das Almas, testemunhas silenciosas de um passado de exploração e resistência.

Entretanto, o calçamento das ruas com pedras, conhecido como “pé-de-moleque”, não remonta a esse período. 

Na verdade, essa técnica começou a ser utilizada entre 1900 e 1930, quando a extração de quartzito se intensificou na região. 

Com a construção de Brasília, a demanda por esse tipo de pedra aumentou, impulsionando a mineração local. ​

Assim, os restos e pedaços das rochas foram se fixando no chão que, com o tempo, foram desgastados e arredondados pela ação da água e do tráfego. Aqui ganhou o gosto do povo!

Do garimpo à calçada

O quartzito, também conhecido como “Pedra de Pirenópolis”, é uma rocha metamórfica de origem sedimentar, rica em mica, o que lhe confere um brilho característico.

Suas lâminas verdes, amarelas, brancas e rosas são amplamente utilizadas na construção civil, em pisos, paredes e muros. 

A exploração dessa pedra se tornou uma das principais atividades econômicas do município, gerando empregos e movimentando a economia local. ​

Além disso, o uso do quartzito no calçamento das ruas trouxe benefícios ambientais. Por ser permeável, esse tipo de pavimentação permite a absorção da água da chuva, reduzindo o risco de enchentes e contribuindo para a sustentabilidade urbana. ​

Hoje, as ruas de pedra de Pirenópolis são mais do que um atrativo turístico; são um símbolo da identidade e da história da cidade. 

A prefeitura local tem investido na manutenção e expansão desse tipo de calçamento, reconhecendo sua importância cultural e ambiental. 

Moradores e visitantes apreciam não apenas a beleza estética das pedras, mas também o conforto térmico e a durabilidade que elas proporcionam. ​

Portanto, ao caminhar pelas ruas de Pirenópolis, lembre-se de que cada pedra conta uma história. Não apenas de um passado distante de mineração e exploração, mas também de uma comunidade que valoriza suas raízes e busca um futuro sustentável.​

Dica de Rota

Para os interessados em conhecer mais sobre a história da mineração na região, uma visita ao Museu Lavras do Ouro é imperdível. 

Localizado a cerca de 2 km da cidade, o museu oferece trilhas que passam por ruínas de antigos garimpos, canais de escoamento de água e muros de arrimo construídos por escravizados no século XVIII. 

É uma oportunidade única de mergulhar na história e apreciar a beleza natural da região. ​

Pirenópolis é uma cidade onde o passado e o presente se encontram em cada pedra do caminho. Uma verdadeira joia de Goiás que continua a encantar todos que a visitam.

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