Imagine uma terra que cresceu quase da noite para o dia, atraindo sonhadores, garimpeiros e esperança pura sob o brilho esmeraldino do Cerrado. Isso é Campos Verdes. 

Em março de 1981, o patrulheiro Diolino Gonçalves da Silva abriu um buraco na estrada vicinal que liga Santa Terezinha de Goiás a Martinópolis… e encontrou pedras verdes no solo. Logo descobriu-se tratar de esmeraldas, e não de turmalinas, como se pensava inicialmente. O garimpo explodiu, bandeiras de prospectores levantaram-se e o povoado “Garimpo” virou símbolo de uma febre mineral que sacudiu o Norte goiano.

Em pouco tempo, uma onda de baianos e mineiros migrou para a nova Cidade das Esmeraldas, levando também a cultura alegre e o vocabulário sertanejo que moldaram a identidade local. 

A pressão foi tanta que em 1987, por iniciativa do médico Dr. Virmondes Vieira Machado e votação popular, o distrito se emancipou, adotando o nome Campos Verdes e oficializando sua vocação esmeraldina, até hoje, relembrada a cada dezembro no aniversário do município.

O município não tardou a celebrar seu destaque: ainda em 2002, nasceu a Feira Internacional das Esmeraldas, evento que coloca Campos Verdes no radar global do comércio de gemas. 

A cada meados de setembro, empresários, colecionadores e curiosos se unem à famosa atração “Garimpe e Pague”: por cerca de R$ 200 a R$ 400, o turista leva um carrinho de xisto bruto, paga R$ 6 para lavar o material, e, com sorte, sai com uma pedra rara avaliada em milhares, ou até dezenas de milhares de reais.

A atividade mineral trouxe riqueza, empregando e dinamizando a economia local. Em 2024, o governo estadual oficializou o título de “Capital das Esmeraldas”, via Lei nº 23.134, reconhecendo não só a importância histórica, mas o impacto econômico e cultural da mineração na cidade, que possui uma das maiores jazidas do mundo.

Contudo, essa prosperidade também demandou atenção ao meio ambiente. Em 2023, debates com a Semad resultaram em termo de compromisso para regulamentar e monitorar as atividades garimpeiras, garantindo licenciamento ambiental e evitando danos ao ecossistema local, mais de 90% das jazidas ainda permanecem no subsolo e o objetivo é explorá-las de forma sustentável.

Hoje, Campos Verdes vive de um turismo que mistura aventura, história e contato com a indústria da gema. 

Visitantes podem acessar galerias que chegam a 250 m de profundidade, testemunhar o processo de lapidação e participar de oficinas educativas. 

É possível também visitar fazendas produtoras de leite, outro motor econômico da região, e saborear festas típicas como a tradicional Trezena em louvor a Santo Antônio.

Como chegar e o que não perder

Localizada a aproximadamente 320 km de Goiânia, o acesso se dá pela GO‑080 e BR‑153, entre Jaraguá e Santa Terezinha. 

A infraestrutura turística conta com opções de hospedagem simples, pousadas locais e restaurantes que oferecem a culinária goiana com toque garimpeiro.

Não deixe de:

  • Conhecer uma mina ativa e participar do “Garimpe e Pague”
  • Ver a Feira Internacional das Esmeraldas (setembro)
  • Assistir à Trezena de Santo Antônio (junho)
  • Interagir com a comunidade campo‑verdense e conhecer tradições culinárias e festivas

Além do brilho das gemas, Campos Verdes guarda histórias de migrantes, de garimpeiros que se tornaram empreendedores, de conflitos e superações.

 É uma lição viva de como um fenômeno econômico pode transformar uma região, criar um legado cultural e, ao mesmo tempo, desafiar o equilíbrio ambiental.

Confira este roteiro singular: onde o “ouro verde” iluminou o futuro de uma pequena cidade goiana, hoje capital mundial das esmeraldas e destino para quem quer entender a união entre riqueza, identidade e conservação.